Não era a primeira vez que Letícia tinha pensado em visitar a Dona Ferreira.

Afinal, durante todos aqueles anos, Dona Ferreira tinha sido uma das poucas pessoas que a tratava com verdadeiro carinho. Agora, já no fim da vida, ainda se preocupava com ela, e por todos os motivos, Letícia sentia vontade de visitá-la.

Ela já tinha descoberto o número do quarto.

Atravessou um corredor coberto de trepadeiras verdes, virou à direita e pegou o elevador para o oitavo andar, ela encontrou um andar inteiro pronto para cuidar de uma única paciente: Dona Ferreira.

As portas do elevador se abriram.

Letícia nem havia dado alguns passos quando, repentinamente, viu os enfermeiros saindo rapidamente do escritório.

Ela ficou ligeiramente impressionada.

De repente, um mau pressentimento tomou conta dela.

Ela lembrou do dia em que sua avó havia morrido, com os enfermeiros correndo de um lado para o outro.

Instintivamente, ela começou a segui-los apressadamente. Letícia parou de repente, quando os enfermeiros entraram apressadamente em um quarto.

Israel, bastante abatido, saia do quarto.

No mesmo instante, a mente de Letícia ficou em branco.

Ela imaginou que Israel deveria ainda estar no hospital se recuperando...

Será que ela ainda tinha tempo de fugir?Books Chapters Are Daily Updated Join & Stay Updated for All Books Updates... Logo, Israel deu-lhe a resposta, olhando-a com seus olhos bonitos com um cansaço que Letícia nunca tinha visto antes. Os olhares deles se encontraram.

Letícia falou primeiro: "Uma amiga da minha avó está aqui... Eu entrei no quarto errado."

Israel não falou nada por um instante, mas depois disse: "Minha avó está partindo."

O coração de Letícia foi atingido em cheio.

"Desculpa." Israel olhou para ela, com um olhar profundo, como se pudesse ver a Letícia de seis anos atrás.

Era uma primavera como essa.

Ela tinha se despedido de sua única família em sua terra natal, totalmente só.

E ele, ao lado de Sara Perez, havia desligado friamente o telefone quando ela mais precisava.

Letícia apertou os lábios.

A consciência lhe dizia para ir embora.

Mas se Dona Ferreira verdadeiramente partisse hoje, ela... nunca mais veria aquela senhora que tanto a amou.

Finalmente, ela decidiu andar em direção ao quarto.

Israel, com os olhos vermelhos, a observou se aproximar.

"Eu sempre tive muita admiração pela Dona Ferreira", Letícia disse tentando se justificar. "Mesmo que eu tenha vindo aqui por engano, mas..."

Ele a interrompeu antes que pudesse terminar.

A grande figura de Israel parecia estar desabando, ele se curvou e, muito cansado, colocou a testa no ombro dela.

A voz de Letícia se calou de repente.

Ela também estava achando tudo aquilo ridículo.

Israel tinha certeza sobre quem ela era, e ela tinha noção que seu disfarce era inútil.

Mas a peça tinha que continuar.

E agora, parecia que não ia conseguir mais continuar.

"Eu sei que você não é..." A voz grave de Israel vibrou em seu ouvido.

Letícia ficou sem dizer uma palavra.

Após um instante.

Israel suspirou intensamente e se ergueu.

Então retornando para a porta do quarto: "Pode parar com tudo."

O médico olhou para Israel, com uma expressão complicada.

"Deem a ela a última injeção", disse Israel em seguida.

O médico responsável sabia que a Sra. Ferreira estava quase partindo ...já era hora dela se despedir da família.

"Não vai esperar por mais ninguém?" perguntou o médico responsável.

"Não virá mais ninguém."

A família Ferreira já havia se desfeito há muito tempo.

Letícia abaixou os olhos.

A Sra. Ferreira tinha dois filhos e uma filha.

A filha morreu muito jovem, em um acidente.

O pai de Israel era o filho mais novo.

Mas era o filho mais velho é que deveria ter assumido as responsabilidades da família Ferreira.

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