Capítulo 6 

Bianca ajudou–a a tirar o capacete, ambas já estavam encharcadas, mas o café que Flavia segurava em seus braços estava intacto. 

“Essa gente é realmente louca, uma empresa tão grande e não tem nem uma cafeteira?” 

Bianca resmungava, pegando o café das mãos de Flavia e sorrindo para ela: “Fica tranquila aqui, eu já volto.” 

Flavia acenou com a cabeça, caminhando silenciosamente até o portão para esperar. 

A chuva caía cada vez mais forte, parecia que o inverno estava chegando com ela. 

Flavia encarava a cortina de chuva à sua frente, parecendo um pouco distraída. 

No dia em que Rafael a levou para a casa da família Duarte, também chovia tanto assim. Ela se escondia tímidamente atrás de Rafael, enquanto Thales, com nove anos, a 

observava. 

Thales perguntou quem ela era. 

O Rafael brincou naquele momento: “Trouxe uma esposa para você, quer?” 

Thales, com apenas nove anos, zombou: “Eu não quero uma macaca como esposa.” 

É, naquela época ela era magra e seu cabelo estava seco e amarelado, talvez até pior que um macaco no zoológico. 

Mas depois ele disse: “Como vai ser minha esposa sendo tão magra se você não comer mais?” 

Mesmo sabendo que era uma brincadeira, ela sempre levava a sério. 

Enquanto Flavia se perdia em seus pensamentos, uma voz a trouxe de volta à realidade. 

“Com essa chuva toda, não estou a fim de trabalhar hoje, vou embora.” 

Rosana, com seus saltos altos, saía da empresa com um andar elegante. Ao virar–se, viu Flavia completamente encharcada. 

“Flavia?” 

Ela estava ao telefone com Thales, e o ‘Flavia‘ foi ouvido por Thales do outro lado da linha. 

Rosana olhou de volta para a empresa e depois para Flavia, desligando o telefone, “Você veio procurar o Thales?” 

Flavia acenou com a mão, indicando que não era por isso que estava ali. 

Rosana arqueou uma sobrancelha, caminhando em direção a Flavia. Seus olhos vasculhavam Flavia de cima a baixo, como um raio–X. 

“Thales disse que você é inocente, mas eu não acho que você seja tão inocente assim, se molhando toda para encontrá–lo.” Rosana estendeu a mão, puxando uma mecha do cabelo molhado de Flavia, “Ah, isso até que dá uma certa pena de ver.” 

Flavia olhava para Rosana, cujo rosto transbordava de orgulho e arrogância, “Mas de que adianta? Para ele, você é apenas como um pequeno gato ou cachorro de estimação.” 

“Ele afaga a cabeça do cachorro, e você acha que isso é amor? Melhor não perder seu tempo.” 

Flavia pressionava seus lábios, que eles estavam um pouco pálidos talvez pelo frio da chuva. 

Esse era um pensamento que Flavia não precisava que Rosana lhe dissesse, ela sabia muito bem. 

Muitas vezes, o jeito que Thales a olhava não era diferente do jeito que olhava para o animal de estimação que tinham em casa. 

Ele também amava o gato que tinha, às vezes esquecia de alimentá–lo antes do trabalho e voltava apenas para isso. 

Gostar e amar, no fim das contas, são duas coisas diferentes. 

Bianca, que acabara de entregar o café, ouviu essa frase e rapidamente se colocou na frente de Flavia, protegendo–a enquanto olhava Rosana de cima a baixo. “Ah, de onde veio essa galinha velha, fazendo alarde aqui? Perdeu o caminho de volta para o galinheiro?” 

Rosana mudou de cor, encarando Bianca, “Você nem lavou a boca depois do café da manhã, né? Já chega espalhando merda? Quem te deu voz para falar?” Bianca cruzou os braços, observando–a com diversão. 

“E o que você é, afinal? Acha que por intimidar os outros, se coloca em uma posição superior? Sério, é a primeira vez que vejo alguém como você, invadindo a casa dos outros para cacarejar, com medo de que ninguém saiba que você é uma outra, né?” 

“Você..” Rosana ficou vermelha de raiva com a resposta. 

Ela odiava que a chamassem assim, se não fosse por Flavia, a pessoa que deveria ter se casado com Thales seria ela! Como ela ousava insultá–la? 

Acostumada com o favorecimento de Thales, Rosana sempre foi arrogante, nunca ninguém ousou insultá–la assim na sua frente, ela levantou a mão para bater em Bianca. Mas Bianca não permitiria isso, antes que Rosana conseguisse acertá–la, Bianca deu–lhe um tapa primeiro. 

“Ah–” 

Rosana estava usando saltos altos quando, após um tapa, ela tropeçou alguns passos e caiu diretamente no chão. 

Rosana segurava o pé, as lágrimas caíam de dor. 

Esse incidente também deixou Flavia chocada. 

Bianca olhou para Rosana de cima, com desdém. “Você acha que pode me bater? Estúpida.” 

Rosana, aguentando a dor, fixou seu olhar em Bianca, seu peito subindo e descendo violentamente de raiva. 

Bianca pegou a mão de Flavia. “Vamos” 

Flavia olhou para trás repetidamente. Ela viu Thales correndo para fora, levantando Rosana do chão. A preocupação em seu rosto era visível mesmo através da cortina de 

chuva distante. 

Mas ele não olhou nem uma vez para Flavia na chuva. 

Bianca ligou o motor da moto e desapareceu atrás da cortina de chuva. 

A forte chuva turvava a visão de Flavia, e aquele edifício que se erguia para o céu também perdeu sua forma na chuva. 

鳥 

Na entrada da empresa. 

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