Capítulo 2 

Ao ver a situação, Flavia estremeceu levemente, pensando que ele havia se irritado, e apressadamente começou a gesticular em Língua Gestual: “A canja não está do seu agrado?” 

Thales ajustou o colarinho da camisa, visivelmente impaciente, “Não, coma de pressa” 

Ele não comia, e Flavia também perdeu o apetite. Ela se levantou e começou a recolher os pratos é talheres. 

Thales observava–a friamente, sem proferir uma palavra. 

Quando ela terminou e voltou, tendo trocado de roupa, Thales já a esperava no carro. 

O carro deslizava pela estrada, com a paisagem passando rapidamente ao redor. Flavia virou–se para olhar o cenário que se desdobrava lá fora. 

Flavia havia chegado à família Duarte quando ainda era muito jovem, trazida pelo patriarca de família Duarte, Rafael Duarte, que era avó de Thales, a tratando com grande carinho, como se fosse sua própria neta. 

Durante a vida, o Rafael sempre expressou sua preocupação com Flavia. 

Três anos antes, à beira da morte, ele praticamente obrigou Thales a casar–se com ela para poder morrer sem arrependimentos. 

O Rafael dizia que ele não se sentiria tranquilo com ela casando–se com outra pessoa dada a situação de Flavia, somente com Thales ele poderia descansar. 

Naquela época, Thales tinha uma namorada. 

Era Rosana Coelho. 

Talvez por terem crescido juntos, ou talvez devido à promessa feita ao Rafael, Thales casou–se com ela sem relutância, sem tratá–la com frieza ou malícia. Mas era só isso, ele não a amava. 

Ele nunca mais chamaria ela de Vivi com ternura. 

Eles se tomaram os estranhos mais familiares um para o outro. 

A família Duarte estava em festa hoje, pois o filho de irmã de Thales havia nascido, e hoje era o banquete de celebração para a criança nova. 

Flavia seguia Thales, atravessando a multidão do saguão até chegar ao salão principal. 

No salão principal, Dona Duarte brincava com seu sobrinho–neto, radiante de alegria, mas seu rosto escureceu ao ver Flavia. 

Flavia cumprimentou–a, mas foi como se Dona Duarte não a tivesse visto, continuando a conversar com sua filha. 

“Vejam só, este pequenino é a cara do Thales quando era criança.” 

Gabriela Duarte acariciou a bochecha do bebê, sorrindo, “Todos dizem que ele se parece com o Thales, mas eu realmente não vejo isso.” 

Dona Duarte balançou suavemente a mãozinha do bebê, com um sorriso cheio de ternura, “Claro que você não vê, naquela época o Thales era tão pequeno quanto ele, e você nem tinha nascido.” 

Ignorada, Flavia não se irritou e permaneceu quietinha ao lado. 

“Mãe,” Thales a chamou. 

Dona Duarte finalmente se virou, respondendo de maneira neutra, “Por que está de pé? Sente–se.” 

Gabriela lançou um olhar para Flavia. Assim que seu irmão Thales se sentou, ela disse de repente: “Thales, vocês precisam se apressar. Quando vão ter outro filho?” Antes que Thales pudesse responder, Dona Duarte resmungou: “Não o incentive, já é bastante vergonhoso ter uma muda na família, imagina ter outro pequeno mudo? Nossa família Duarte ainda quererá mostrar a cara?” 

Ao ouvir isso, Thales olhou para Flavia, que baixou a cabeça, impossibilitando a leitura de suas emoções. 

“Gabriela trouxe o assunto à tona claramente com más intenções. 

Todos sabiam que Flavia tinha engravidado no ano passado e, com medo de que ela desse à luz a outro mudo, Dona Duarte forçou–a a abortar. 

Depois que Thales soube, não disse nada, fazendo com que a já insignificante presença de Flavia na familia Duarte se tornasse ainda menos notável. 

Se o bebé tivesse nascido, estaria quase com meio ano agora. 

Além do Rafael, ninguém na familia Duarte gostava de Flavia. 

Gabriela a odiava desde muito jovem, até mais do que Dona Duarte. 

Quando Flavia entrou na familia Duarte aos cinco anos de idade, Gabriela atormentava Flavia por sua mudez, trancando–a em um armário de armazenamento, queimando seu cabelo com um isqueiro e uma vez a empurrando escada abaixo, sendo flagrada por Thales. 

Thales repreendeu Gabriela, que já detestava o fato de seu avô preferir Flavia, e até seu querido irmão mais velho a censurou por causa da muda. Como ela poderia não 

odiar? 

Naquela época, Flavia não sabia se comunicar em Língua Gestual, tampouco sabia escrever, e muito menos fazer queixa. Mais tarde, Gabriela começou a intimidá–la ainda mais, descontando nela qualquer mínima insatisfação. 

Agora que ambas cresceram, Gabriela não recorreria mais a tais métodos rudimentares. A tática que ela preferia hoje em dia era a de ferir o coração. 

“A muda é uma condição genética recessiva, contanto que exames regulares sejam feitos, não há tantas chances de ser hereditária“, disse Gabriela. 

Dona Duarte apertou as têmporas, sentindo uma dor de cabeça ao dizer, “Chega, para que falar disso? Eu só quero o melhor para Flavia. Se a criança tiver algum problema por acaso, quem vai sofrer é ela mesma, não é? Thales, você não acha que isso faz sentido?” 

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